Flavio Florido/Folhapress
O betacaroteno é um precursor da vitamina A que está presente em
alimentos como a cenoura
Pesquisadores da escola de medicina da Universidade de Stanford, nos
EUA, descobriram que o betacaroteno pode proteger indivíduos com predisposição
genética ao diabetes tipo 2. Por outro lado, o gama tocoferol, um tipo de
vitamina E, pode aumentar o risco da doença nessas pessoas.
O betacaroteno é um precursor da vitamina A que está presente em
alimentos como a cenoura. Já o gama tocoferol é um tipo de vitamina E
relativamente abundante em gorduras vegetais como o óleo de soja e a margarina.
"O diabetes tipo 2 afeta cerca de 15% da população mundial e a
proporção está aumentando", comenta Atul Butte, professor associado da
universidade que participou do estudo. Ela acrescenta que cerca de um terço de
todas as crianças nascidas nos EUA desde 2000 vão desenvolver a doença em
alguma fase da vida.
Segundo o estudo, publicado no periódico Human Genetics,
tanto o betacaroteno quanto o gama tocoferol (um tipo de vitamina E) interagem
com uma proteína codificada pelo gene SLC30A4. Abundante em células que
produzem insulina no pâncreas, essa proteína auxilia no transporte de zinco,
provocando a liberação de insulina, hormônio responsável por metabolizar o
açúcar no sangue.
BETACAROTENO TAMBÉM
FAZ BEM PARA A PELE
FAZ BEM PARA A PELE
Alimentos como cenoura, pimentão, abóbora, mamão, manga e os vegetais
folhosos de cor verde-escura são ricos em betacaroteno, um potente antioxidante
que auxilia na proteção das células do organismo contra a ação de radicais
livres e ajuda a prevenir o envelhecimento precoce da pele. "Quando o
betacaroteno se transforma em vitamina A no organismo, colabora para aumentar a
elasticidade da pele e auxiliar na formação de melanina, responsável pela cor
da pele, mas também ajuda a reforçar o sistema imunológico", explica a
nutricionista Maysa Toloni, doutoranda da Nutrologia da Unifesp.
Os genomas de até 60% dos americanos carregam duas cópias de uma
variação no gene SLC30A4. Assim como várias outras variações genéticas
associadas ao diabetes, é preciso que haja uma interação com fatores ambientais
para que o risco de ter a doença se confirme.
Há alguns anos, Butte e outros pesquisadores começaram a utilizar um
banco de dados nacional que inclui os genomas de centenas de indivíduos e
também a exposição a variadas substâncias, como vitaminas e poluentes.
Para quem carrega duas cópias da variação no gene SLC30A4, altos níveis
de betacaroteno foram associados a níveis mais baixos de glicose (açúcar) no
sangue. E o nível elevado de gama tocoferol foi ligado ao risco aumentado de
diabetes.
A equipe de Butte agora pretende realizar estudos em ratos para entender
melhor como essas substâncias interferem no risco da doença.
"Nós não podemos dizer, com base apenas no presente estudo, que a
vitamina E faz mal", ressalta Chirag Patel, principal autor do trabalho.
Ele também esclarece que o alfa tocoferol, outra forma de vitamina E que
faz parte de vários suplementos, não gerou risco aumentado de diabetes.
De qualquer forma, o estudo sugere que comer algumas cenouras a mais não
fará mal a quem quer evitar o diabetes.
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