As mulheres nascem com milhares de folículos ovarianos que ficam
"adormecidos" até que, através do estímulo do hipotálamo, passam a se
tornar "maduros". Os hormônios femininos, estrogênio e
progesterona, são produzidos nos folículos ovarianos sob o controle de uma
outra glândula, a hipófise, que através da liberação dos hormônios FSH
(hormônio folículo estimulante) e LH (hormônio luteinizante) vai comandar toda
a variação nos níveis desses hormônios em nosso organismo, determinando as
diferenças que ocorrem em cada fase da vida da mulher.
A puberdade é um momento marcante quando o corpo da menina começa a tomar forma
de mulher, e ela se torna fértil. A cada ciclo menstrual pelo menos um folículo
ovariano se desenvolve e passa a produzir hormônios. Na primeira fase do ciclo,
predomina a produção de estrogênio, e na segunda fase (após a ovulação),
predomina a progesterona. Entendendo esse mecanismo fica fácil entender por que
somos chamadas "mulheres de fases".
Essas variações dos hormônios femininos são responsáveis pelas
mudanças no humor, na disposição e até na pele e cabelos que ocorrem a cada
ciclo menstrual. Por exemplo, o estrogênio está relacionado à melhora na
disposição, no humor e na libido, estimula a independência e a capacidade de
planejamento. Já quando a progesterona passa a ser produzida em maior
quantidade – o que ocorre após a ovulação, com objetivo de assegurar a
integridade de uma possível gravidez – vai levar aos sintomas da famosa Tensão
Pré-Menstrual (TPM). Isso explica a irritabilidade, baixa autoestima, sintomas
depressivos e distúrbios do sono, típicos dessa fase. Além disso a pele fica
menos brilhante, o cabelo fica oleoso, existe retenção de líquidos com inchaço
e dor mamária, aumento do apetite e redução da libido. Quando não ocorre a
fecundação há uma queda nos níveis dos dois hormônios femininos, e
a camada preparada dentro do útero para receber o bebê começa a descamar,
produzindo a menstruação.
A menstruação costuma se repetir a cada mês, com intervalos regulares. É normal
que o ciclo menstrual tenha um intervalo com alguns dias de variação para mais
ou para menos. Quando a menstruação ocorre em intervalos irregulares, é
possível que existam alterações nos hormônios femininos como a
síndrome dos ovários policísticos, causa comum de atraso menstrual. Em
associação pode haver excesso de pêlos, acne e distúrbios metabólicos, como o
pré-diabetes, entre outros. Nesse caso uma, avaliação clínica deve ser feita
com realização de exames que irão confirmar o diagnóstico.
Quando o óvulo é fecundado ocorre a gravidez, outro período marcado por
mudanças muito especiais.
Menopausa: Mais variações nos níveis dos hormônios femininos
O ciclo menstrual se repete a cada mês até que os folículos comecem a ficar
escassos, abrindo caminho para a chegada da menopausa (data em que ocorre a última
menstruação). Nessa fase, a mulher sofre novamente com as variações nos níveis
dos hormônios femininos. A falta do estrogênio está associada a uma
queda nos níveis da serotonina, que pode levar a distúrbios do humor. Começam
as ondas de calor e ocorre uma mudança na distribuição da gordura corporal, que
passa a se depositar mais no abdômen. Além disso o metabolismo fica mais lento,
o que explica por que apesar de manter a mesma rotina de dieta e exercícios o
peso aumenta.
As consequências dessas mudanças não são apenas estéticas, pois o aumento da
gordura chamada "visceral" está associada ao aparecimento da
resistência à insulina (maior predisposição ao Diabetes), aumento dos níveis da
pressão arterial, do colesterol e dos triglicerídeos. Ou seja, enquanto não
entra na menopausa, a mulher está mais protegida contra essas alterações
metabólicas que na pós-menopausa aparecem com maior frequência, culminando com
um aumento no risco de desenvolver doenças cardiovasculares – nessa fase essas
doenças passam a ter um risco semelhante ao que ocorre nos homens. A falta do
estrogênio também leva a uma perda progressiva de massa óssea (osteopenia e
osteoporose), principalmente nos primeiros anos pós menopausa.
Atualmente as mulheres passam pelo menos um terço de sua vida na pós-menopausa,
então cada vez mais é importante reconhecer as indicações precisas da reposição
dos hormônios femininos, e além disso fazer a prevenção de todas as
moléstias características dessa fase da vida.
Por Endocrinologia Curitiba
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