Por Dra. Tatiana Cunha
A
síndrome da fadiga crônica (SFC) é uma moléstia complexa que já recebeu nos dois
últimos séculos várias denominações: neurastenia, síndrome da fadiga pós-viral,
encefalomielite miálgica e mononucleose crônica. Alguns autores classificam a
SFC como uma enfermidade da mesma família que a fibromialgia, a síndrome do
intestino irritável e o distúrbio do estresse pós-traumático.
Hoje
tem sido entendida como uma moléstia bastante incapacitante, pouco conhecida,
com incidência de 1% na população, mas com estimativas superiores quando se
usam modelos diagnósticos menos rígidos , em geral com bom prognóstico e
sobretudo sub-diagnosticada ( 80% dos pacientes não tem diagnóstico).
Ela
se caracteriza por fadiga em período igual ou superior a seis meses
acompanhando pelo menos quatro dos seguintes sintomas abaixo segundo a
orientação da International Chronic Fatique Syndrome Study Group (ICFSSG):
-Sono não reparador
-Dores musculares
-Dores em várias articulações, mas sem sinais
inflamatórios ( reumáticos)
-Dor de cabeça
-Dor de garganta
-Gânglios dolorosos e inflamados
-Alteração da memória recente
-Alteração da concentração
-Fraqueza intensa que persiste por 24 horas após
atividadefísica.
-Cefaleia recorrente
- Febre baixa
-Alterações do sono ( Hipersonia ou insônia)
Naturalmente
seu diagnóstico é feito por exclusão e sabe-se também que acomete
mais mulheres (sobretudo brancas e jovens) que homens na proporção de 8:2 e
alguns estudos mostram que os sintomas na sua maioria das vezes são prolongados
podendo durar de 37 a 56 meses.
Infelizmente
esta moléstia é pouco diagnosticada na maioria das vezes, sendo atribuído a
vida agitada, estresse, dietas inadequadas e sedentarismo como raiz do
problema, o que apenas retarda o diagnóstico e inicio do tratamento.
Outras
causas médicas de cansaço que devem ser pesquisadas nestes casos são:
-doenças cardiovasculares,
-álcool e drogas,
-depressão,
-doenças autoimunes,
- apneia do sono, obesidade,
- tumores malignos,
- infecções
- endocrinopatias,
- intoxicação por pesticidas ,
- intoxicação por metais pesados ou agentes
químicos tóxicos
- sensibilidade química múltipla.
Os
tratamentos até o momento propostos seguem as recomendações da ICFSSG e se baseiam
na redução e se possível na eliminação dos sintomas. Atividade física leve e
suportável é desejável e mudança no estilo de vida evitando tarefas exaustivas
( mentais e físicas) parece bastante razoável, além de medidas antistress.
Os
resultados irão depender das respostas individuais, levando em conta
que existe um tempo de restabelecimento normal das glândulas
suprarrenais, sensíveis aos diversos níveis de stress, capaz de reduzir a
capacidade funcional do sistema imunológico por
aumento ou por diminuição da liberação do cortisol, agudo
ou crônico.
A
fadiga crônica parece estar bastante relacionada a estas duas formas de
estresse sendo que na fase aguda existe óbvia ação mais intensa do cortisol e o
indivíduo está mais suscetível a infecções enquanto nas formas mais crônicas,
surgem fenômenos inflamatórios e auto imunológicos onde a síntese do glico corticóide
pela suprarrenal já está pouco comprometida.
Devemos
ter em conta que o assunto ainda é bastante controverso e carece de maiores
investigações para se transformar em um tratamento padrão, sendo, atualmente,
individualizado e personalizado, atendendo às necessidades peculiares de cada
paciente, onde, o correto diagnóstico e o início precoce do tratamento oferece
melhora na qualidade devida das pessoas, desde a fase inicial de tratamento.
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